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Brasília, DF, Brazil
Jornalista, assessor de comunicação com passagem pelo WWF-Brasil, Contag, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Embrapa.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Apagão reforça necessidade de diversificar matriz elétrica

Por Gadelha Neto e Mariana Ramos
Originalmente publicado em WWF-Brasil

Na terça-feira (10/11), metade do país ficou às escuras durante quase cinco horas, levando o completo caos a cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que consomem mais de 44,6% da energia residencial no país. Milhões de pessoas em mais de 800 cidades de 18 estados do país e em todo Paraguai foram atingidas diretamente pela falta da energia elétrica da Usina Binacional de Itaipu.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo foram totalmente afetados. Já os estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia, Bahia, Sergipe, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte foram afetados parcialmente.

Naquela noite, em entrevista coletiva, o ministro das Minas e Energia atribuía a falha a “questões atmosféricas”, tese reforçada pelos porta-vozes de Itaipu de que o problema estaria na transmissão e não na geração de energia. Furnas informou que a falha ocorreu em três linhas de transmissão entre os estados de Paraná e São Paulo.

O fato é que, sem ter para onde enviar os 14 gigawatts de potência geradas naquele instante, todas as turbinas de Itaipu foram automaticamente desligadas. Os porta-vozes de Itaipu disseram que a usina operava a toda potência, e que, no momento do apagão, era esta a energia que abastecia a maior parte das regiões dos estados atingidos.

Diversificando o menu -- Enquanto especialistas e críticos vão aos jornais falar da “fragilidade do sistema”, “falta de investimentos” ou “falha de gestão”, pouquíssimos se lembraram de chamar a atenção para uma possibilidade há muito defendida pelo WWF-Brasil: a inclusão, no sistema, de fontes renováveis não convencionais limpas e investimento em eficiência energética.

Atualmente, a matriz energética depende fortemente de energia hidrelétrica, com apoio de usinas termelétricas – que, diga-se de passagem, são altamente poluentes – e, em menor grau, de usinas nucleares, eólicas e de biomassa. Com todos os ovos em uma só cesta, seria presumível que uma falha pudesse ocorrer, com grande impacto.

O WWF-Brasil defende a diversificação das fontes de energia limpa – principalmente com o uso de produção eólica e de biomassa – como forma de preparar o país para as incertezas de um futuro pautado pelas mudanças climáticas (que atingem primeiramente os recursos hídricos, fonte primordial da matriz brasileira, hoje), e reduzir o impacto da produção de energia sobre o ambiente e as pessoas.

Para o WWF-Brasil não se trata de substituir a energia hidrelétrica pela produzida por fontes não convencionais, mas de oferecer ao sistema um menu diversificado e ambientalmente sustentável, que possa ser somado à matriz.

A organização ambiental acredita que investimentos de médio e longo prazo em novas fontes de energia não somente irão oferecer segurança energética como, também, reduzir a dependência de recursos hídricos e a demanda por novas barragens e seus impactos negativos sobre o ambiente e sobre a cultura e o meio de vida das populações ribeirinhas.

Alternativas -- Entre as chamadas fontes alternativas ou não convencionais de energia elétrica destaca-se a eólica – energia produzida pelos ventos – que, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em seu Atlas da Energia Elétrica do Brasil, tem um potencial de nada menos que 143,4 GW – ou dez Itaipus – ,metade dos quais concentrados no Nordeste.
Enquanto isto, o boom de produção de álcool esperado para um futuro próximo pode ampliar o volume de biomassa residual da cana, que, hoje, tem um potencial de produção de cerca de 10GW, apenas no Sudeste. Atualmente, somente 3,1GW são efetivamente aproveitados.

A Agenda Elétrica Sustentável 2020, do WWF-Brasil, publicada em 2006, propõe um cardápio considerado até conservador, que poderia ser oferecido em 2020, com o investimento adequado e a vontade política necessária: a biomassa responderia por 7,6% da energia produzida no país e a produção eólica ofereceria 6%. O percentual de energia hidrelétrica do país seria reduzido de 75% para 67,9%. Já seria um ganho enorme para a natureza, para a população e para os negócios.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Quero ser Juiz de Direito - sem exigência de diploma

A decisão do STF, que dispensa o diploma de Jornalismo para o exercício da profissão, me abre um mundo novo: a possibilidade de ser Juiz de Direito e, quem sabe, até alçar voo rumo ao próprio Supremo.

Sim, porque a decisão deixou claro que a minha profissão não exige diploma porque não são necessários conhecimentos técnicos ou científicos para o seu exercício. Disse mais: que o direito à expressão fica garantido a todos com tal “martelada”.

Tampouco a respeitabilíssima profissão de advogado e o não menos respeitável exercício do cargo de juiz pressupõem qualquer conhecimento técnico ou científico. Portanto me avoco o direito (e, mesmo, a obrigação), já que assim está decidido, de defender a sociedade brasileira diante dos tribunais e na própria condução de julgamentos.

Além de ser alfabetizado e, portanto, apto a ler, entender, decorar e interpretar nossos códigos e leis, tenho 52 anos (o que me dá experiência de vida e discernimento sobre o certo e o errado) e estudei – durante o curso de jornalismo (!) – filosofia, direito, psicologia social, antropologia e ética – entre outras disciplinas tão importantes quanto culinária ou moda: redação em jornalismo, estética e comunicação de massa, radiojornalismo, telejornalismo, jornalismo impresso etc.

Com essa bagagem e muita disposição, posso me dedicar aos estudos e concorrer às vagas de juiz pelo Brasil afora, em pé de igualdade com os colegas advogados. Também posso pagar e me dedicar aos cursos especializados em concursos públicos para o cargo, se eu julgar necessário. E não é justo que me exijam, em momento algum, qualquer diploma ao candidatar-me ao cargo.
Afinal, se a pena de um jornalista não pode causar mal à sociedade (!!?), a de um juiz também não teria este poder de fogo. As leis – e elas são justas em si – existem para serem cumpridas e cabe a um juiz, tão somente – usando da simplicidade do STF – seguir a “receita de bolo” descrita pelos nossos códigos. Assim sendo, um juiz não pode causar mal algum a ninguém, se seguir, estritamente, o que determina a lei. Concordamos?

Data venia, meus colegas advogados, por quem nutro o devido respeito (minha mãe, cunhada, irmão e sobrinha – por favor, compreendam), quero ser juiz porque é um direito meu, assegurado pelo STF, e o salário de jornalista não está lá estas coisas.